Revista Literária

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dúvidas Bárbaras

Um monte de coisas, um emaranhado de situações, desesperado por qualquer. Quando jovem não se sabe de nada. Tenta-se de tudo. Para sempre? E o tempo? E o dinheiro? Dane-se o que os outros irão achar. Será mesmo? Por que não? Porque sim! E sim é resposta, não conheço nenhuma melhor.

Minhas afinidades são diferentes às de todo mundo. Exagero? Até quando seguir Cazuza será legal? E se chegar a hora de ouvir Vinicius de Moraes? Sei lá. Eu sei que a vida tem sempre razão. É, mas e o Davi? Parecia tão certo de dar certo, que era o homem da minha vida. Vida, você não tinha razão?

Por trás dos caracóis dos teus cabelos, ministro da cultura? Algum dia pensou em ter este cargo político? Ou era nada mais que Tropicália? Meu Deus... Deus? Cadê ele que eu nunca vi? Vou passar a acreditar em Teoria dos Karamazov?

Quando farei algo bem feito? Será que já fiz?

E as crianças? Não, meus irmãos não, esses vivem bem demais. Falo dos pequenos que não têm nada demais, para não dizer quase nada, ou nada? Porque ninguém vive sem pelo menos alguma coisa, eu nunca vi, por exemplo, alguém andar pelado. Então, que tal viver desta maneira e doar todas as minhas roupas? Ora, tão plano das idéias? Loucas predicações utópicas? Tampouco sei se é certo isto. Por que todo mundo não faz? Ué, mas e o segundo parágrafo?

E você, caro (será que é muito antigo, caro?) leitor? Tão confuso quanto eu? Pus em movimentos teus neurônios? Imagine os meus que cá escrevo buscando respostas que possivelmente não existem. Estamos no mesmo barco?

Sabe o que vai ser quando crescer? Será feliz? vai amar? Será amado? Terá filhos ou adotará? Se divorciará com 30 anos e mesmo assim sendo tão diferente, será completo?

Outro dia fui fazer terapia, só por desencargo de consciência. Só piorou minha situação. A psicóloga resolver perguntar se eu imaginava uma mesa de amigos e cada com sua profissão. Eu fui resolver meus problemas e ela me dá outros. Já não sei o que vou fazer, imagina os meus amigos, espero que tudo dê certo para todos, no entanto não há nenhuma certeza.

Fato mesmo são os sonhos. Notou a contradição do que acabo dizer? Quiçá o único concreto da minha curta vida são os sonhos, não aqueles que eu durmo, porém aqueles acordados. Até quando teremos tempo para sonhar ou será que devemos sonhar para sempre?

Uma amiga minha me confessou uma vez que ela parou de pensar nessas coisas, que só lhe davam dor de cabeça, ela me disse que se concentrava em outras assuntos, ou fazia outras atividades, enfim fugia. Eu tentei. Porém, fugir para onde, que outro lugar, baby?

Lenine deu uma entrevista para não sei quem, não sei onde, sobre sua adolescência e ele a define como um eterno questionamento, e uma tentativa sem fim de buscar respostas da complexidade do ser humano. Achei bonito, leitor, e resolvi terminar com isto. É. De repente você deveria escutar suas músicas e até outras, ler nem só esta crônica, mas também outras e alugar uns Dvds não só os de moda, mas também outros, quem sabe encontrará algumas respostas, contudo, se deparará com outras perguntas, porque no dia que não tiver mais questionamentos deitará na cama e irá se interrogar: “Será que estou vivo?”.