Revista Literária

sexta-feira, 18 de março de 2011

Desculpa pelo adeus que não foi


Nasci, vivi. Calma, ainda não morri
Mas já estou morto na vida,
Ainda não na poesia,
Por isso a escrevi daqui a uns anos

Sabe que amei,sofri,empobreci,
Só não que viajei até Madri
Lá, casei,tive filhos
Um doutor e outra atriz

Alguns sonhos; realizei vários
Muitos amores; apaixonei-me pouco,
Vida feliz; chorei um bocado
Senti tua falta quando parti
Chorou mais do que quando faleci

Nada disse,
Saí.
Porta entreaberta
Carta no armário:

Mãe,
Obrigado.
Desculpa,
Estou atrasado.
Meu avião sai às dez.
Juro que te escrevo logo