Revista Literária

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Bela e a Fera



Posso te ver e escutar, oferecer o que for, mesmo que queira não há como te dar (pareço muito educado), medimos as mãos, e até jogamos baralho. Vamos assim há mais de um ano. Geralmente é difícil, mas com a mesma freqüência acho que não agüentaria ficar muito perto de você.

Uma barreira nos separa. Ando até o fim para ver se há uma porta, mas não há nem começo. Resolvo sentar e desabafar, ontem foi meu 25º assassinato, você pobre cristã acredita, e se comove por eu não me agüentar, não sei o que acharia se te contasse que já perdi as contas da quantidade de sangue que já vi. Morro de medo que você vá embora.

Tenho lá minhas dúvidas se existe natureza humana, porém não há muito o que se questionar sobre a minha,evidente que possuo. Sanguinária, vingativa, racional, sem medo. O pior tipo de pesadelo que alguém pode pensar em ter. Sou biologicamente a destruição.

Respondo o que quiser afinal você é a única que me aceita como quase o que sou. Nada mais humano que te responder quase toda a verdade. Nada mais humano que fazer com que você se apaixone por mim, que me queira que me deseje. Nada mais animal que sentir o mesmo.

Quando sonho estamos juntos, você de branco e eu de preto, você sorrindo e eu sedento. Fazemos amor. Acordo. Corro para te ver, e lá está o seu sorriso eternamente sorriso. Quero abrir uma porta, usar minha força, gritar, lutar, matar, quebrar esse espelho sem reflexo que me separa de você.