Caminho pelo centro, e o olfato me aponta uma direção . Abro e fecho
os olhos. Nada muda. A multidão se mistura dentro de teu cheiro. Perdido. Sinto
que nos perdemos para sempre.
Este pensamento é tão rotineiro quanto um estalar de dedos.
Inspiro-me por momentos, expiro por adeus, sem palavras. Amo as fragrâncias por
segundos que duram até a passagem de qualquer ônibus.
O sofrimento de um cego é não saber para onde cheirar. A suavidade do balançar de
cabelos me apaixona ao ponto de segui-los até onde os deficientes podem enxergar. Choro por apenas uma sensação.
Não sei quem são e como devem ser, porém os amo como uma abelha à
flor em tempos de primavera. Nem mesmo tenho ideia se são homens, ou mulheres.
O amor não deve ter sexo, nem rosto, nem corpo, ou qualquer forma. O amor deve
ser apenas uma sensação no escuro.