Revista Literária

domingo, 19 de agosto de 2012

Nariz


Caminho pelo centro, e o olfato me aponta uma direção . Abro e fecho os olhos. Nada muda. A multidão se mistura dentro de teu cheiro. Perdido. Sinto que nos perdemos para sempre.

Este pensamento é tão rotineiro quanto um estalar de dedos. Inspiro-me por momentos, expiro por adeus, sem palavras. Amo as fragrâncias por segundos que duram até a passagem de qualquer ônibus.

O sofrimento de um cego é não saber  para onde cheirar. A suavidade do balançar de cabelos me apaixona ao ponto de segui-los até onde os deficientes  podem enxergar. Choro por apenas uma sensação.

Não sei quem são e como devem ser, porém os amo como uma abelha à flor em tempos de primavera. Nem mesmo tenho ideia se são homens, ou mulheres. O amor não deve ter sexo, nem rosto, nem corpo, ou qualquer forma. O amor deve ser apenas uma sensação no escuro.