- Dai-me ritmo - disse o homem.
- Pois, presenteei-me com tuas letras. - contestou a mulher
Por uns minutos se entre olharam com um ar de desconfiança e, de repente, caíram na gargalhada. O rapaz, em meio a risos, perguntou:
- Por que está rindo?
- Ora, pelo mesmo motivo que você.
- Não sei por quê.
- Porque deu vontade, não seria por isso que as pessoas fazem as coisas?
- Não acho que alguém limpe o banheiro porque quer.
- Não se contenta nem em rir em paz, já tem de vir com suas idéias comunistas e colocar algum pobre faxineiro no meio.
- Nunca limpou nenhum banheiro?
- Já, mas é claro!- a mulher respondeu em tom um pouco ríspido.
- Então você é faxineira? Prazer. Sou poeta.
E como se tivesse ouvido a melhor piada do mundo, os dois voltam a rir:
- Certo certo... Admito que ri porque pensei no senhor vestido de collant e dançando ballet clássico.
- Eu, “senhor”? - sem achar muita graça, o rapaz faz a pergunta.
- É (...). Não quero te dar tanta intimidade hoje, sempre me convence a algo que não quero.
- Vejo que a “senhora” não gostou do último convencimento. Estranho-me, não parecia.
Para quem olhassem os dois naquele momento, não diria mais que estavam conversando harmoniosamente, já que este momento de silêncio se uniu a dois ou três goles d’água e olhares fulminantes de ambas as partes. Um pouco incomodada com o silêncio, a moça o quebra com uma pergunta:
- E por que também riu?
- Imaginei-te escrevendo uma poesia.
- Crê que não consigo?
- Pensa que não posso dançar? – respondeu o poeta, ironicamente, com mais uma pergunta.
- Não sei. - um pouco confusa, a bailarina o respondeu.
- Nem eu. – o poeta termina com o mesmo ar de confuso que ele tinha no último diálogo.
Agora, apesar dos questionamentos mal respondidos, os dois tinham aparência mais suave em comparação à última pausa. Na verdade, o silêncio de agora não foi nem para rir, nem para tomar água. Foi pra refletir. Após aqueles minutos de pensamentos, o poeta abriu um pequeno sorriso e olhou-a:
- Digo-lhe algo bailarina: você me completa.
Caraca, parabéns, está completamente completo!
ResponderExcluirperplexo.
ResponderExcluirextasiado.
senti os dois na minha frente.
lindo, igor.
sou amigo da Marina Rocha e vi teu recado pra ela e resolvi entrar..
ResponderExcluirporra, muito bom esse texto cara, tá de parabéns...
continua assim
um abraço
adorei a sintonia das personagens, mexicano!
ResponderExcluirbeijos
Fala México, aqui é Gabu! Tá show de bola o texto cara, bem trabalhado e criativo!
ResponderExcluirMuito legal, dá realmente para imaginar os dois na minha frente!
ResponderExcluirvlw
abçs
bravo,bravo,bravo!
ResponderExcluirgostei da parte em que o poeta intervem com outra pergunta...interessante.
dominando e guiando
- Digo-lhe algo bailarina: você me completa.
ResponderExcluirfilho, você é completo e completa muitos....
parabéns....
eu adoro essa! desde que vc me mandou, volta e meia me pego lendo.
ResponderExcluirparabéns, mexicano! saudades! (bia)
muito bom! teu poetar e algo lírico, sensivel
ResponderExcluire extasiante.