Revista Literária

domingo, 17 de junho de 2012

Mãos


   Naquele momento tive a sensação que suas mãos tinham ido embora. Ansiei por voltar à uma hora atrás. Observar o detalhe da sua unha metodicamente bem feita, combinando com a delicadeza dos seus dedos metricamente incorporados ao soneto que é a tua mão.
          
  Triste, sorri, quando lembrei dos carinhos lentos que eriçavam os meus pêlos. Nunca imaginei perder a suavidade de ter sua palma com a minha. Aquele desenho infinito, que não pude desvendar a maneira de guardar.
         
  Fecho os olhos e vejo o adeus de longe. Enquanto uma mão, já cansada, em sua cintura, parecia não querer mostrar-se nunca mais, a outra, com pena, balançava-se em tom de despedida melancólica, ritmando o meu coração a batidas lentas, que soavam o sofrimento de saber que aquela poesia jamais aumentaria seu ritmo outra vez. 

11 comentários:

  1. Saudade é um sentimento que nos deixa feliz e, ao mesmo tempo, triste, né?

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  2. Muito bonito o testo.
    É ótimo achar blogs com conteúdo tão bom quanto ao seu.

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  3. Cada despedida e cada reencontro é único. Adorei o modo como expressastes a despedida em teu texto, recorrendo à expressão das mãos.. muito bonito.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. É preciso comentar mesmo? Lindo demais seu texto, a despedida ao ver das mãos, se posso dizer. Muito lindo!

    http://cappuccinoeaconta.blogspot.com/

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  6. Adorei como você fala sobre despedidas, pena que não é um assunto feliz :(

    http://prefiroserrainha.blogspot.com.br/

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  7. Poxa, eu-lírico, use os pés e vá atrás dessas mãos.

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  8. Aprecio mãos porque aprecio seus diálogos, acho admirável o modo como conversam – mesmo aquelas que não aprenderam LIBRAS – entre si e com o mundo. Mas até mesmo as mãos aprendem a mentir, nem todo adeus é sincero.

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  9. Admirar de longe algo que já foi nosso por direito e vontade e delicadeza, sentir inveja no seu mais puro sentido e saber que nada tem volta. Saber que foi embora, que não volta. A face da tristeza nos é voltada muitas vezes durante a vida...

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  10. Gostei Igor

    A mão que vira um ente
    Uma ser a parte
    Fala cá dentro coisas para quem tem ouvido
    ouça o que aquela mão quer dizer

    um adeus?!
    talves

    nào vá
    já foi
    assim foi a vida
    a caminhar por entre os dedos

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    Gosto de textos que me fazem querer escrever e o seu faz isso. Em relação a copletanea da parte do corpo muito bem pensado. Me parece que você esta dando uma certa materialidade ao sincretismo sensorial simbolista. Uma conversa intima entre o mundo e este eu diário. Ainda estou lendo devagar mas vou ler todos prometo. De que adianta a escrita se ela não for lida?!
    Até Alan

    Obs: estou me inscrevendo para receber os comentarios por e-mail. Caso quereia comentar meu comentario pode fazer por aqui que eu vou ler. Não desaparecerei buscando numeros no meu blog. Devora-me que eu te devorarei. Vamos assim mastigando com a boca e amassado com a mão. No mais viva la vida!

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