Revista Literária

terça-feira, 17 de julho de 2012

Olhos


Não sei exatamente porque, mas acordei no meio da sala. As pessoas falavam sem parar, eu não entendia nada, e nem fazia muita questão de entender. Não conseguiria voltar a dormir, não conseguiria relaxar deitada, nem muito menos levantar para pegar um copo de água.
Tive que me dar por si. Foi a reflexão mais sábia da minha vida. Estava acostada em uma perna, que cordialmente, servia-me de travesseiro. Virei e vi um fundo branco, misturado com um negro perdido, mas que em mim havia se encontrado. Durante alguns minutos, aquele encontro pareceu eterno.
Começamos a conversar, mas ele nem falava o que dizia, nem eu ouvia aquelas palavras. A estaticidade daquele momento fez o branco, cada vez mais negro brilhar desfocando qualquer pensamento, que não fosse o fluxo do desejo desenfreado por um beijo.
Naquele instante, não havia nem mais a sala. Tudo era novo, constituído apenas de nosso olhar. Tenho certeza, que fizemos uma casinha na praia, só um banheiro, cozinha, e uma cama, onde ainda hei de fechar os olhos.