Não sei
exatamente porque, mas acordei no meio da sala. As pessoas falavam sem parar,
eu não entendia nada, e nem fazia muita questão de entender. Não conseguiria
voltar a dormir, não conseguiria relaxar deitada, nem muito menos levantar para
pegar um copo de água.
Tive que me
dar por si. Foi a reflexão mais sábia da minha vida. Estava acostada em uma perna,
que cordialmente, servia-me de travesseiro. Virei e vi um fundo branco,
misturado com um negro perdido, mas que em mim havia se encontrado. Durante
alguns minutos, aquele encontro pareceu eterno.
Começamos a
conversar, mas ele nem falava o que dizia, nem eu ouvia aquelas palavras. A
estaticidade daquele momento fez o branco, cada vez mais negro brilhar
desfocando qualquer pensamento, que não fosse o fluxo do desejo desenfreado por
um beijo.
Naquele
instante, não havia nem mais a sala. Tudo era novo, constituído apenas de nosso
olhar. Tenho certeza, que fizemos uma casinha na praia, só um banheiro, cozinha,
e uma cama, onde ainda hei de fechar os olhos.