Desde as primeiras horas da tarde, estava escuro. Somente podia
enxergar os olhares próximos. Pareciam faróis atordoados. Avançavam, corriam e
arregalavam cada vez mais dentro do obscuro.
Ninguém notava nada. Não haviam deboches, assobios e sorrisos. Meu
decote era despercebido enquanto pisavam em minha sapatilha negra, sem pedir
desculpas à minha possível dor.
Ofuscada. Conseguia sentir o cheiro da minha respiração ofegante.
Estava perdida dentro do cotidiano horripilante dos meus.
Parei. Não, segui sem rumo. Fui levada pela multidão de vultos de
expiração humana. Meus pés flutuavam em agonia. Tentei agarrar as mangas das
camisas, mas todos estavam nus. Sentia pelos, peitos, braços e barriga. Nunca fui tão violada. Encolhi(...) Mentira.
Os sopros que me faziam flutuar me derrubaram. Todos os corpos
escuros subiram sobre mim e eu já não
tinha decote, nem sapatilha
Sorri. Estava de pé mais uma vez. Passavam sobre o meu corpo, e eu
já estava relaxada. Não sentia onde estava.
Os toques eram recíprocos, os suspiros permanentes. A dor do prazer ecoava.
O sexo é a concretização do eterno em alguns incríveis minutos.
Estava cada vez mais quente, o fluxo cada vez maior e o barulho mais
ensurdecedor.
As horas corriam, minhas mãos eram entrelaçadas, meus peitos
molhados, minhas pernas devoradas, minha barriga mordida e minhas costas
arranhadas.
Perdi a noção de mim. Não aguentava mais. Fechei os olhos e estava quase pronta.
Ia explodir em prazer.
Mordi meus lábios com força, e uma voz de mulher veio surrando em meu ouvido:
Mordi meus lábios com força, e uma voz de mulher veio surrando em meu ouvido:
- Bem vinda. Segunda-feira. 17
horas, 47 minutos e 39 segundos. Dia 20 de maio de 2013. Centro. Rio de Janeiro. A Capital da
loucura.
Gostei da escrita =)
ResponderExcluirMuito bom a maneira como escreve. Belo texto!!!
ResponderExcluirhttp://alternativassonoras.blogspot.com.br/
Ótima a estrutura do texto. Escreve muito bem. Parabéns!
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