Revista Literária

domingo, 24 de janeiro de 2010

Padre,eu tenho.

I-Fim do noivado e começo do ano e meio

Haviam marcado o casamento para daqui a um ano e meio. Na verdade, Maria tinha agendado o casamento para esta data. Pedro, apenas, aceitara. Afinal, já eram três anos de noivado e a pressão de ambas as famílias chegou a um ponto insuportável para o rapaz.

O caso não era falta de amor, Pedro amava muito sua noiva.
O problema era medo de casar. Do dia do sim em diante, o modo solteiro seria desligado e o modo casado, o modo filhos, o modo barriga, o modo monotonia seria ligado para sempre.

O que fez Pedro, então? Aproveitou o ano e meio que lhe restava. Era impressionante como quase sempre passaram haver reuniões no trabalho até tarde. Às vezes até nos sábados pela noite, era preciso estar na empresa para fazer os tão famosos relatórios para o chefe. Houve uma vez que o jovem trabalhou tanto que dormiu no escritório por uma semana.

Os pais do rapaz, não sabiam onde enfiar a cara, e os pais de Maria estavam revoltados, o marido de sua filha era adúltero. Ela dizia que acreditava no noivo, amava-o e era recíproco, segundo a própria, era bom ficar sozinha em casa, lia revistas, aprendia novas receitas, via programas de maternidade. Estava aprendendo a ser uma dona de casa de mão cheia, “verdade, é o seu sonho”, contentava-se a mãe da jovem.

No trabalho, Pedro se gabava. Apostava com os colegas, para ver quem tinha melhor forma com as mulheres em uma noite. Os amigos perdiam mais no final da noite sempre tinha como consolo que continuariam solteiros. O rapaz, dizia que seria igual. Maria era ótima mulher e entendia que o marido tinha necessidades masculinas e duvidava existir uma mulher tão compreensiva como a sua.

II- O dia

A igreja estava lotada. Maria estava atrasada. Pedro nervoso. Os padrinhos do noivo riam do mais novo jogador do time dos casados. Enquanto que as madrinhas da noiva achavam um absurdo aquele casamento,diziam que metade das convidadas já tinha rondado na cama do noivo.

Maria finalmente chegou, notava-se seu nervosismo, mas estava linda, era uma mulher belíssima, sempre foi a mais desejada da escola, da faculdade, em quase todos ambientes que ia era a mais cobiçada, mas todos sabiam que nunca fora namoradeira e o seu maior sonho estava se realizando.

O padre abriu um sorriso, e começou a cerimônia, os choros ecoavam e os risos sussurravam. O que o clérigo não esperara é que nem chegaria a perguntar se a noiva aceitaria o noivo e vice-versa.

O senhor de um cinqüenta e poucos anos e de quarenta cedidos à igreja, veria uma cena jamais sonhada. Quando perguntou se alguém tinha algo em contrário ao casamento, levantou-se uma mulher desconhecida de todos ou quase todos da igreja.

Sem exceções os olhos só passaram a ter um foco. Os padrinhos não entendiam nada, pois jamais havia visto aquela mulher, as madrinhas espantadas pela coragem de uma das "amantes" do noivo estar fazendo aquele papelão, os pais de Pedro nem mais vermelhos estavam, e sim roxos, os pais de Maria se encontravam em fúria e a noiva tinha sua cabeça abaixada e com os olhos caindo pequenas lágrimas.

A moça começa a caminhar, só para quando chega em frente ao altar e diz:

-Padre, Eu tenho. Esta mulher é o amor da minha vida.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Distância Boêmia

Há uns quilômetros,
Não seria tão distante,
Proibir-te-ia de me chamar amigo
E só aceitaria amor

Em cada flor recolhida,
Uma nostalgia,
De dois suspiros,
Três são pra te ver sorrindo,

Sei que o lirismo não é autoral,
Mas eu e eu escrevemos
Em nome de uma só vida

Dizem que os poetas perdem por boêmio,
Mal sabem eles que no bar,
Está a morena mais linda (que algum dia sonhei encontrar)