Revista Literária

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Coube?

Vejo-a triste
Não sei bem o motivo
Mas compadeço-me
Com tua solidão descoberta

Não há receita para o amor
O amor é amar
Olhar ao lado e estar sendo olhado.
Ninguém a vê

A estabilidade desequilibra tuas pernas
Não cai pelos empurrões vacilantes
Das risadas cobertas de um pouco mais que nada

A porta está entreaberta
Dar-te-ei minhas mãos calejadas
Às tuas unhas feitas
E verei teu sorriso de nunca

Cabe a Deus,
Por linhas tortas
Permitir que eu ame
A mais bela
De suas criações

Cabe as sete ondas que pularei,
As roupas íntimas que usará
A Yemanjá agarrar nossas flores
E revelar no céu uma só estrela

Cabe a mim ser a poesia
Que lerá todo dia
Entre as nuvens
Buscarei a mesma luz que estará olhando

Cabe a ti ser a alegria
Que me falta nos domingos sangrentos
Sem letras, cartas e palavras
Nem mesmo idéia para um poeminha

Caberá ao tempo
Não demorar
A nos encontrar
Presenteando-nos com um novo amor
Nesta nova temporada.