Revista Literária

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Alguém Sabe



I

-Vem comer!

Eu estava no meu quarto totalmente aéreo e voava mais feliz que um pássaro que aprendera hoje a voar, quando ouvi minha mãe gritar chamando-me para jantar, e resolvi contar a ela o que estava acontecendo comigo:
- Não estou com fome, mãe. Na verdade acho que não conseguirei comer hoje, nem por muitos dias. Minha barriga está embrulhada. Parece que há algo dentro de mim.
- Você está passando mal?
- Talvez. Depende. Mas por enquanto estou passando muito bem.
- Então, por que você não quer comer? Nunca vi uma pessoa que passa bem, sem apetite na hora do jantar.
- Mãe, você não entende?
- Não, nem eu, nem ninguém entenderia.
- Estou apaixonado, mãe. Não consigo comer porque estou apaixonado.
- Agora sim, isso é insanidade, além de estar passando bem e não querer comer ainda está inventando palavras. É isso que você aprende na faculdade?
-Não, literalmente não. Todos sabem o que é paixão. Você não sentiu isso pelo meu pai?
- Não sei. Não posso falar sobre uma coisa que não sei o significado. Eu senti pelo seu pai o que eu sinto hoje e nunca deixei de comer por ninguém.
- Ah. Deixa. Tudo bem, depois eu como.

II

Não podia ler uma página sequer, via a televisão, mas não assistia, só pensava nela. Sim, estava apaixonado. Isso é paixão e das grandes. Nem sei o tamanho, mas sei as horas, eram as 3:00 da manhã e não conseguia dormir, quando meu irmão chegou, bêbado,em plena segunda-feira, e resolvi comentar com ele:
- Sabe quando uma pessoa te encanta?
- Sei.
- Sabe?
- Não.
- Então por que disse que sim?
- Pensei que se eu dissesse sim, o assunto estaria acabado.
- Você é idiota?
- Estou falando com você- insisti.
- Pensei que se eu ficasse calado, você entenderia.
- Você não se importa comigo?
- Sim, mas não às 3:00 da manhã e bêbado.
- Estou apaixonado.
- Han?! O que você anda lendo? Vamos dormir e para de criar idiotices


III

Minha última esperança era o meu pai, na verdade deveria ter perguntado a ele primeiro, para que meu último intento fosse com qualquer outra pessoa. No entanto, era o meu pai, ele podia saber alguma coisa, tentei:
- Pai, tudo bem?
- Quanto você quer?
- Não quero nada. Só quero te perguntar uma coisa. Posso?
- Pode.
- Você já se apaixonou por alguém?
-Filho, eu não entendo nada dessas coisas, sou engenheiro. Mas acho legal, você trazer para mim as matérias da faculdade. Não sei o que é dessa vez, mas quem sabe de outra.

IV

Eu disse que tinha tentado. Eu também faço engenharia, e não me deixe louco leitor, lá no fundinho você sabe o que estou falando, não é possível que ninguém saiba o que estou dizendo. O que?! Devo falar de uma vez com ela? Bom, ainda bem que meu pai não foi minha tentativa final. Pelo menos, tenho você para me ajudar. Sim, sim. Claro. O que importa é que ela saiba, não é mesmo? Minha família só precisa conhecê-la um dia, ela é a única que deve saber o que eu sinto por ela. Veremos:
- Oi.
- Oi.
- Tudo bem?
- Tudo e com você?
- Também.
- Está quente, não?
- Sim. Nem parece inverno
(...)
- É, vou falar de uma vez, odeio essa tensão, esse silêncio nervoso, falas marcadas, onde não importa quem falou ou quem respondeu, a resposta vai ser sempre igual, um medo louco de falar o que sente de uma vez, tratar tudo como se fosse um jogo de estratégia. Não sei como, nem me pergunte por que, mas estou apaixonado.
- Por mim?

domingo, 28 de novembro de 2010

Lamento Carioca

É tão fácil matar,
Um tiro.
Por que não atirar em todos?

Fim.

A paz reinará
O Rio será lindo.
Eu, meu filho e minha mulher
Caminhando na lagoa sem medo

Eu, meu, minha?
Será que tudo é só isso?

Se o seu pai tiver um filho baleado?
Não importa né?
Ah, não, sim, isso sim, mas é culpa dos políticos.

Bandido tem que morrer!
A polícia tem que invadir tudo! Simples.

Difícil é pra mãe do Alemão,
Cria seu filho
Tenta dar o que ela não teve
Agora,
Chora.
Ele quer chorar também
Está com medo
Quer abraçá-la
Não pode

Sabe por quê?
Se ele sair, ele vai morrer
Sabe por quê?
Por que você quer matá-lo
Eu quero matá-lo
Os políticos querem matá-lo
Sabe por quê?
Bandido tem que morrer!

Assassino.

sábado, 13 de novembro de 2010

Seu teatro,minha vida


Em fios movimentava-me,
Sem cor, paixão, nem um pouco d’água.

Quando lhe interessava me pegava,
Fazíamos um show
Mas nem remuneração desfrutava

Não era mais um,
Fazia-te feliz,
Enquanto todos choravam de gargalhada (...)
Da minha cara.

Passava meses no armário,
E você nem me ligava.

Eu gosto de amar muito
Por quase nada
Prefiro que me ame
Mesmo que seja só uma cena marcada.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dúvidas Bárbaras

Um monte de coisas, um emaranhado de situações, desesperado por qualquer. Quando jovem não se sabe de nada. Tenta-se de tudo. Para sempre? E o tempo? E o dinheiro? Dane-se o que os outros irão achar. Será mesmo? Por que não? Porque sim! E sim é resposta, não conheço nenhuma melhor.

Minhas afinidades são diferentes às de todo mundo. Exagero? Até quando seguir Cazuza será legal? E se chegar a hora de ouvir Vinicius de Moraes? Sei lá. Eu sei que a vida tem sempre razão. É, mas e o Davi? Parecia tão certo de dar certo, que era o homem da minha vida. Vida, você não tinha razão?

Por trás dos caracóis dos teus cabelos, ministro da cultura? Algum dia pensou em ter este cargo político? Ou era nada mais que Tropicália? Meu Deus... Deus? Cadê ele que eu nunca vi? Vou passar a acreditar em Teoria dos Karamazov?

Quando farei algo bem feito? Será que já fiz?

E as crianças? Não, meus irmãos não, esses vivem bem demais. Falo dos pequenos que não têm nada demais, para não dizer quase nada, ou nada? Porque ninguém vive sem pelo menos alguma coisa, eu nunca vi, por exemplo, alguém andar pelado. Então, que tal viver desta maneira e doar todas as minhas roupas? Ora, tão plano das idéias? Loucas predicações utópicas? Tampouco sei se é certo isto. Por que todo mundo não faz? Ué, mas e o segundo parágrafo?

E você, caro (será que é muito antigo, caro?) leitor? Tão confuso quanto eu? Pus em movimentos teus neurônios? Imagine os meus que cá escrevo buscando respostas que possivelmente não existem. Estamos no mesmo barco?

Sabe o que vai ser quando crescer? Será feliz? vai amar? Será amado? Terá filhos ou adotará? Se divorciará com 30 anos e mesmo assim sendo tão diferente, será completo?

Outro dia fui fazer terapia, só por desencargo de consciência. Só piorou minha situação. A psicóloga resolver perguntar se eu imaginava uma mesa de amigos e cada com sua profissão. Eu fui resolver meus problemas e ela me dá outros. Já não sei o que vou fazer, imagina os meus amigos, espero que tudo dê certo para todos, no entanto não há nenhuma certeza.

Fato mesmo são os sonhos. Notou a contradição do que acabo dizer? Quiçá o único concreto da minha curta vida são os sonhos, não aqueles que eu durmo, porém aqueles acordados. Até quando teremos tempo para sonhar ou será que devemos sonhar para sempre?

Uma amiga minha me confessou uma vez que ela parou de pensar nessas coisas, que só lhe davam dor de cabeça, ela me disse que se concentrava em outras assuntos, ou fazia outras atividades, enfim fugia. Eu tentei. Porém, fugir para onde, que outro lugar, baby?

Lenine deu uma entrevista para não sei quem, não sei onde, sobre sua adolescência e ele a define como um eterno questionamento, e uma tentativa sem fim de buscar respostas da complexidade do ser humano. Achei bonito, leitor, e resolvi terminar com isto. É. De repente você deveria escutar suas músicas e até outras, ler nem só esta crônica, mas também outras e alugar uns Dvds não só os de moda, mas também outros, quem sabe encontrará algumas respostas, contudo, se deparará com outras perguntas, porque no dia que não tiver mais questionamentos deitará na cama e irá se interrogar: “Será que estou vivo?”.

domingo, 22 de agosto de 2010

Um sonho?

Por mais que eu ouvisse
Ela não me chamava,
Tarde,noite. Noite?
Manha de não dormir sonhando
Fechar as cortinas
E viver o sempre
Até que abra a porta do meu dia

Concreto?
Nem o todo poderoso,
Quem sabe pensar em ti
Traga-me...
Talvez tua voz

Se puder cante
Mesmo que sem música,
Só de teus olhos irem(...) Sorriso?!











Solidão.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quando tudo era rosa



21 de Setembro de 1997

Querido diário,
Hoje será meu último dia escrevendo nestas páginas. É (...). Vou te deixar. Esclareço logo que não é pelo computador, já que sei dos teus ciúmes e medo do meu novo presente e sinceramente também não gosto e nem sei muito como mexer neste negócio.

A verdade é que como sabe diarinho, hoje completo quinze anos e já não sou criancinha para ficar escrevendo minha vida em um diário cor de rosa. E papai finalmente me deixou namorar, então não terei mais tanto tempo para você.

Desculpa as poucas palavras é que ando um pouco apressada porque tenho que ir ao salão com mamãe, mas antes de qualquer coisa queria lhe agradecer e dizer que estará guardadinho aqui no meu armário.

25 de Maio de 2003

Estava arrumando minhas coisas forçadamente e também sem querer acabei te encontrando, por mais que se tenham passado alguns anos, virei somente uma página para escrever e sem muita inspiração para fazê-lo. Contudo, não se preocupe, para que não ocorra outra vez situação tão embaraçosa, depois deste relato, o senhor se tornará cinzas.

Nobre diário,
Estou fazendo faculdade de jornalismo, então sei que deveria começar pelo vocativo, mas penso que antes de qualquer coisa precisava de uma explicação para a minha mudança de idéia sobre você.

Diferentemente da última vez que escrevi em tuas páginas o clima aqui em casa não é dos melhores, papai resolveu finalmente investigar a fundo como eu tinha um carro melhor que o dele na garagem, jóias que mamãe nunca teve e isto porque não desconfiou das roupas, já que era claro para ele que modelos recebiam peças das grifes depois do desfile. Mas esta história toda de moda só foi sustentada até hoje, quando vi tirado no chão meu book supostamente feito por um suposto fotógrafo famoso. Naquele momento não precisou ninguém me falar nada,já tinha entendido tudo.

Não sei se vai ser melhor, pois não estou saindo da maneira que queria, no entanto já havia pensado na possibilidade de morar sozinha e se faltava um empurrãozinho, digamos que ganhei um pouco mais do que isto.

18 de fevereiro de 2010

Andei muito gripada e por mais que me remediasse, tomasse repouso ou qualquer outro tipo de medida, cada vez era atacada mais fortemente por esta doença, e então, por auxílio de uma colega resolvi fazer um exame de HIV, e agora me resta desabafar no verso deste:

Quando fiz minhas escolhas, jamais imaginei que poderiam me levar à um resultado de exame soropositivo, lógico que era possível de ocorrer mas sempre imaginamos que nunca acontecerá com nós mesmos. Pois é, enganei-me mais uma vez. O pior nem é isto, o que há de mais difícil nisto tudo é que estou completamente sozinha, uma das minhas opções foi deixar minha família e como já havia mencionado àquele não fora o meu primeiro erro. Simplesmente não vejo para onde olhar.

Por tudo isto acabei lembrando do meu antigo diário cor de rosa, pois apesar de tudo, mesmo quando não queria falar com ninguém o que me doía, ali podia desabafar em longas páginas o que sentia, o ódio bobo dos meus pais quando me colocavam de castigo, as paqueras da escola,primeio beijo, tudo. E agora querido verso de exame, como não tenho mais tanto tempo para escrever longas páginas, o que resta da minha vida, o senhor dará conta.

sábado, 19 de junho de 2010

Outro jogo

Sinto-me como um jovem de quatorze anos sem muitas, aliás, sem nenhuma certeza do que pode representar um beijo apaixonado. Enfim, que medo é esse de perder algo que eu não tenho? Que alguém é este que me tira a paz? Que amor é este tão ofegante? É proibido proibir,não é mesmo Caetano? Que ditadura de brinquedo é essa que eu mesmo criei?

Algumas vezes olho pra você, e tudo é tão lindo, sinto-me tão feliz, e me dá uma vontade de te abraçar e ser só seu, nem que seja só por aquele momento, no entanto, não posso,tenho medo de ser mal compreendido, de colocar tudo a perder.

Será que você sabe de todo esse drama? De todo esse sofrimento calado? De todo esse eu e você. Será que tem você? Convivo com o medo, com a incerteza, e tudo isto está me deixando cada vez mais apaixonado. Lutei em vão com a minha vontade inicial de não me envolver, porém fui pego de surpresa, encantei-me pelo feitiço de olhos tão misteriosos e não me canso de tentar buscar respostas, mesmo que não as existam, eu continuo procurando, pois não me canso do teu olhar.

Este jogo é tão chato como xadrez de praça e ao mesmo tempo, tão angustiante como uma final de copa. Aquelas milhares de estratégia do primeiro se mexo pra lá, posso-te ver mexendo pra cá, quando acho que entrei no jogo, pronto (...). Xeque. Mas se entender o que você quer, de repente, posso livrar o meu rei e tentar buscar-te: rainha. Seu rei? Não o quero, porque não gosto de te ver chorar por qualquer derrota. E a segunda é aquela loucura, aquela partida lá e cá, deixo minha defesa toda aberta, e vou para o ataque, mas o máximo onde meu time consegue chegar é no meio-campo, não que seja uma marcação pesada, até que jogamos livre, algumas vezes parece que você quer ver do que meu time é capaz, porém recorda-se dos quatorze anos? Minha equipe é jovem, apesar de termos sido ousados o campeonato inteiro, chegamos à final e parece que não sabemos mais como finalizar ao gol.

O problema é que nessa competição não é o meu avô contra o avô do vizinho, nem muito menos Brasil e Argentina, sou eu e você. E não te quero ver perder, e logicamente não quero sair derrotado. Sonho em uma vitória dos dois. Aliás, quero W.O, isto W.O, quero que as nossas seleções fiquem juntinhas no vestiário,inclusive proponho ficarmos brincando lá dentro,mas penso em outro jogo,que não o xadrez.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nada melhor que infinitos tragos de mulher amada


Andava só e estava bem,
Andava cantarolando estava e não estava,
Andava sem caminhar acompanhado de água,
Portanto era mais que comum não pensar em nada.

“Canino” ouvia,
Assim são conhecidos os homens sem família
Que buscam em pequenos reluzentes,
Mesmo que seja por uma noite a vontade de pele guardada

Pequenos brilhos de paixão
Não mais valem que o beijo da mulher amada,
Enfim deixar de lado as maratonas de ermo desesperadas
E dormir ao lado daquela que sempre me esperara.

No meu caso, pense no seu, amigo da madrugada,
Ela Não participa de nenhum livro, e não importa nada,
É linda, meiga e pensa muitas coisas arrojadas,
Tem suas prendas, é bem pequeninha,
A minha loirinha ocupa lugar de todas as minhas garrafas.

sábado, 10 de abril de 2010

Olhos do nó cego

Um laço é algo engraçado. Pense bem: Fiz um laço, desfiz outro, fiz um laço, desfiz outro e assim vai; o mais intrigante é que às vezes ou muitas das vezes desfazemos o laço que acabamos de criar ou o nosso próprio laço se desfaz.
Mas agora pense em um nó cego, pensastes?Complicado. Difícil. Atrevo-me a dizer que pode ser até algo eterno.

Lembra-se do primeiro choro do seu maior tesouro?
Desespero, tensão (...). Alívio. Com os olhos,ela respondia:
-Calma mãe, é apenas sono.

Um sono lindo, calmo e teu, teu amor, tua filha, maior orgulho.

Logo vieram problemas na escola, primeiras paqueras, queda de bicicleta, boletim, primeiras saídas, amigos que não do teu agrado, conselhos, brigas, castigos; deitada em teu colo... Choro, agora sim, de tristeza, decepção... É a vida. Tua filha cresce e seus problemas te envelhecem, consomem teus pensamentos e só assim em tua impotência, percebe que a por para dormir, já não irá calar seu choro. Aquela menininha é do mundo e ele dói e sabes disso, mas por ti ela somente conheceria estas coisas pelos filmes.

Admiro este “cargo”, o cadarço, mais importante, que agora faz parte de um nó composto. Não só dois, agora, quatro. Problemas multiplicados. Louco é aquele que só pensa no lado negativo, o lado bom é enriquecedor. Seis braços. Quatro já em teu ombro e dois pequenininhos ainda em tua cintura; dependentes, suaves e puros. Amor cego e todo recíproco

Outro dia, acordastes tarde e vistes as três sentadas vendo televisão, perguntou qual era o programa que viam e foi respondida ao mesmo tempo pelas três, em seus respectivos tom de voz e expressão, também foi convidada a acompanhá-las. Aceitou. Não se interessou muito pelo programa, tanto que se te pergunto o nome não lembras, mas ali ficou sentada, sem dizer uma palavra até o fim daquela atração matinal, posta em conclusão pela filha mais velha, que disse:
-Chega!Esta mulher é muito chata, vou mudar de canal!

Pensou em pedir para que o tempo voltasse por uns alguns minutinhos, mas já era tarde, o caos estava instaurado. A filha mais nova que chorava pedindo para que voltasse ao canal que estava, pois ia começar o desenho, a outra tentava apaziguar e dar razão a mais nova, afinal segundo ela o que custava ver um pouco da animação, porém como de comum nada de acordo e o barulho só aumentava, o controle voava de lá para cá, gritos, choro incessante e no meio da bagunça uma delas disse:
-Mãe, faz alguma coisa!

De pronto, acordaste de teu transe e precisa tomar uma atitude. Pensava contigo mesma:
-Desenho, filme, novela, jogo. Por que tanta coisa na programação?

Mas já não tem tanto tempo para ficar filosofando o que irá fazer?
Fim.

Não, calma, não é o fim do texto, mas fim à TV. Resolveste desligá-la. Não agradou nem a gregos nem muito menos aos troianos, mas o que não ia fazer é convocar uma votação extraordinária para definir o futuro da televisão, e para completar, disse:
- Em minha época, não tinha essas mordomias de ficar vendo programinha, nem televisão eu tinha. Já para à cozinha todas três. Ajudem-me com o almoço!

Foram emburradas, mas foram, ganhastes mais umas horas junto com tuas amadas era isso o que queria afinal, verdade? Deixa este negócio de democracia com os gregos, já que em terra de nó cego quem tem um olho só é rei, não é mesmo?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Deus e o anjo sobre Zé Ninguém

I- Desabafo

Um dia perdido,
Não sei onde, nem por que
Pensei (...)

Não havia conclusão,
Estava vazio.

Um ermo sentimental,
Uma fome de nada,
Um anseio de qualquer coisa,
Uma ilusão de sossego


II- Decisão

- O homem nitidamente encontra-se consumido por uma aflição interna, e claramente lhe falta algo, talvez seja amor, dinheiro, sexo, sabe-se lá. Mas pela minha experiência como anjo guardião, atrevo-me, Senhor, a dizer que este sujeito perdeu o objetivo da vida, apenas respira, porque inspirar e expirar são funções involuntárias. Se continuar assim seu rumo será a morte. – Analisa o anjo.

-Há pessoas, nobre anjo, que apenas nascem e morrem. - contesta-lhe Deus.

-Não foi você que disse que os seres humanos precisam também crescer?

O céu é tomado pelo silêncio. O anjo tinha deixado Deus, aparentemente, sem saída, e é lógico que se tratava de uma situação nada corriqueira, nenhum servo divino ousa fazer estes tipos de perguntas, mas o pequeno alado tinha tomado um carinho muito grande por aquele homem, teria que haver alguma solução para aquele problema existencial e o decreto de morte era o último recurso.

O senhor dos homens tinha uma resposta, afinal, ele sempre tem e todo mundo acredita, e o anjo não ousaria retrucar mais uma vez, teria que ter fé na decisão do detentor da imagem original humana, e então, com toda calma e até esboçando um sorriso, Ele diz:

-Então assim será. Vamos ver se este filho meu encontra alguma solução. Que pai é esse que não confia nos seus herdeiros?


III- Notícia

Morre jovem asfixiado em um incêndio em sua casa de campo

(...) Segundo os peritos, o ocorrido foi premeditado pelo próprio rapaz (...)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Reencontro


Eu a desejo como sempre,
Valoro-te como nunca,
Amar-te como me amas,
Mais nobre não há

Vislumbro um abraço
Que melhor será se for apertado
Acompanhando de um beijão,
Daqueles que inveja qualquer cidadão

Acordei, enfim, e reli meu passado,
Por pouco deixei quem mais me ama na solidão,
Querer poeta é difícil, para quem vê de longe deve doer no coração,
Mas que mulher tão única, nem se preocupa com esse mito,
E se verdade? Que seja.
O lirismo do teu homem?
Sejas tu a musa de tanta inspiração


Fostes amor católico,
Fostes amor nômade,
Fostes amor satã,
Igreja quando te conheci,
Longe quando te perdi,
Diabólico quando éramos loucos por paixão

Mais uma vez nos encontramos
E agora o que nos ditará?
O que farão com nosso coração?

domingo, 24 de janeiro de 2010

Padre,eu tenho.

I-Fim do noivado e começo do ano e meio

Haviam marcado o casamento para daqui a um ano e meio. Na verdade, Maria tinha agendado o casamento para esta data. Pedro, apenas, aceitara. Afinal, já eram três anos de noivado e a pressão de ambas as famílias chegou a um ponto insuportável para o rapaz.

O caso não era falta de amor, Pedro amava muito sua noiva.
O problema era medo de casar. Do dia do sim em diante, o modo solteiro seria desligado e o modo casado, o modo filhos, o modo barriga, o modo monotonia seria ligado para sempre.

O que fez Pedro, então? Aproveitou o ano e meio que lhe restava. Era impressionante como quase sempre passaram haver reuniões no trabalho até tarde. Às vezes até nos sábados pela noite, era preciso estar na empresa para fazer os tão famosos relatórios para o chefe. Houve uma vez que o jovem trabalhou tanto que dormiu no escritório por uma semana.

Os pais do rapaz, não sabiam onde enfiar a cara, e os pais de Maria estavam revoltados, o marido de sua filha era adúltero. Ela dizia que acreditava no noivo, amava-o e era recíproco, segundo a própria, era bom ficar sozinha em casa, lia revistas, aprendia novas receitas, via programas de maternidade. Estava aprendendo a ser uma dona de casa de mão cheia, “verdade, é o seu sonho”, contentava-se a mãe da jovem.

No trabalho, Pedro se gabava. Apostava com os colegas, para ver quem tinha melhor forma com as mulheres em uma noite. Os amigos perdiam mais no final da noite sempre tinha como consolo que continuariam solteiros. O rapaz, dizia que seria igual. Maria era ótima mulher e entendia que o marido tinha necessidades masculinas e duvidava existir uma mulher tão compreensiva como a sua.

II- O dia

A igreja estava lotada. Maria estava atrasada. Pedro nervoso. Os padrinhos do noivo riam do mais novo jogador do time dos casados. Enquanto que as madrinhas da noiva achavam um absurdo aquele casamento,diziam que metade das convidadas já tinha rondado na cama do noivo.

Maria finalmente chegou, notava-se seu nervosismo, mas estava linda, era uma mulher belíssima, sempre foi a mais desejada da escola, da faculdade, em quase todos ambientes que ia era a mais cobiçada, mas todos sabiam que nunca fora namoradeira e o seu maior sonho estava se realizando.

O padre abriu um sorriso, e começou a cerimônia, os choros ecoavam e os risos sussurravam. O que o clérigo não esperara é que nem chegaria a perguntar se a noiva aceitaria o noivo e vice-versa.

O senhor de um cinqüenta e poucos anos e de quarenta cedidos à igreja, veria uma cena jamais sonhada. Quando perguntou se alguém tinha algo em contrário ao casamento, levantou-se uma mulher desconhecida de todos ou quase todos da igreja.

Sem exceções os olhos só passaram a ter um foco. Os padrinhos não entendiam nada, pois jamais havia visto aquela mulher, as madrinhas espantadas pela coragem de uma das "amantes" do noivo estar fazendo aquele papelão, os pais de Pedro nem mais vermelhos estavam, e sim roxos, os pais de Maria se encontravam em fúria e a noiva tinha sua cabeça abaixada e com os olhos caindo pequenas lágrimas.

A moça começa a caminhar, só para quando chega em frente ao altar e diz:

-Padre, Eu tenho. Esta mulher é o amor da minha vida.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Distância Boêmia

Há uns quilômetros,
Não seria tão distante,
Proibir-te-ia de me chamar amigo
E só aceitaria amor

Em cada flor recolhida,
Uma nostalgia,
De dois suspiros,
Três são pra te ver sorrindo,

Sei que o lirismo não é autoral,
Mas eu e eu escrevemos
Em nome de uma só vida

Dizem que os poetas perdem por boêmio,
Mal sabem eles que no bar,
Está a morena mais linda (que algum dia sonhei encontrar)