Revista Literária

domingo, 17 de junho de 2012

Mãos


   Naquele momento tive a sensação que suas mãos tinham ido embora. Ansiei por voltar à uma hora atrás. Observar o detalhe da sua unha metodicamente bem feita, combinando com a delicadeza dos seus dedos metricamente incorporados ao soneto que é a tua mão.
          
  Triste, sorri, quando lembrei dos carinhos lentos que eriçavam os meus pêlos. Nunca imaginei perder a suavidade de ter sua palma com a minha. Aquele desenho infinito, que não pude desvendar a maneira de guardar.
         
  Fecho os olhos e vejo o adeus de longe. Enquanto uma mão, já cansada, em sua cintura, parecia não querer mostrar-se nunca mais, a outra, com pena, balançava-se em tom de despedida melancólica, ritmando o meu coração a batidas lentas, que soavam o sofrimento de saber que aquela poesia jamais aumentaria seu ritmo outra vez.