Revista Literária

terça-feira, 17 de julho de 2012

Olhos


Não sei exatamente porque, mas acordei no meio da sala. As pessoas falavam sem parar, eu não entendia nada, e nem fazia muita questão de entender. Não conseguiria voltar a dormir, não conseguiria relaxar deitada, nem muito menos levantar para pegar um copo de água.
Tive que me dar por si. Foi a reflexão mais sábia da minha vida. Estava acostada em uma perna, que cordialmente, servia-me de travesseiro. Virei e vi um fundo branco, misturado com um negro perdido, mas que em mim havia se encontrado. Durante alguns minutos, aquele encontro pareceu eterno.
Começamos a conversar, mas ele nem falava o que dizia, nem eu ouvia aquelas palavras. A estaticidade daquele momento fez o branco, cada vez mais negro brilhar desfocando qualquer pensamento, que não fosse o fluxo do desejo desenfreado por um beijo.
Naquele instante, não havia nem mais a sala. Tudo era novo, constituído apenas de nosso olhar. Tenho certeza, que fizemos uma casinha na praia, só um banheiro, cozinha, e uma cama, onde ainda hei de fechar os olhos. 

8 comentários:

  1. Se mãos e olhos fazem parte de um mesmo ser, espero ler toda a anatomia. Se não fazem, deveriam.

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  2. Maravilhoso texto, me perdi nos meus pensamentos
    http://pitadadecinema.blogspot.com.br

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  3. Quando nos apaixonamos, realmente tudo faz mais sentido :)

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  4. Que lindo... Em poucas palavras nos faz viajar...

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  5. Que lindo, eu me assustei no incio, pensei outra coisa, mas a história foi desenvolvendo com a leitura e cheguei ao ponto do desfecho...Su eufemização para a morte é linda e romântica

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  6. Nossa, adorei..

    http://mclaynnebeauty.blogspot.com.br/

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  7. Gostei.
    O texto é curto, mas tem bastante mensagem. Engana os olhos, e enche a imaginação.

    Parabéns pelo estilo.

    Abrs!

    www.redutonegativo.blogspot.com

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