Revista Literária

domingo, 19 de agosto de 2012

Nariz


Caminho pelo centro, e o olfato me aponta uma direção . Abro e fecho os olhos. Nada muda. A multidão se mistura dentro de teu cheiro. Perdido. Sinto que nos perdemos para sempre.

Este pensamento é tão rotineiro quanto um estalar de dedos. Inspiro-me por momentos, expiro por adeus, sem palavras. Amo as fragrâncias por segundos que duram até a passagem de qualquer ônibus.

O sofrimento de um cego é não saber  para onde cheirar. A suavidade do balançar de cabelos me apaixona ao ponto de segui-los até onde os deficientes  podem enxergar. Choro por apenas uma sensação.

Não sei quem são e como devem ser, porém os amo como uma abelha à flor em tempos de primavera. Nem mesmo tenho ideia se são homens, ou mulheres. O amor não deve ter sexo, nem rosto, nem corpo, ou qualquer forma. O amor deve ser apenas uma sensação no escuro.

6 comentários:

  1. Já dizia Saul Steinberg "O nariz é a voz do instinto"

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  2. Lindas palavras...me despertaram os sentidos...Acredito que o amor deve despertar todos os sentidos e ir além, seja no escuro, no claro, ao vivo , á cores, preto no branco...rsrs Abraço!!! Parabéns pelo blog!!!!

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  3. Olá,

    Muito interessante a construção do seu texto, quase uma prosa poética. Há cheiros que se confundem com sentimentos, com pessoas, com verdades, com amores.

    As duas últimas linhas foram as que mais me chamaram atenção, uma síntese perfeita também do que eu acho.

    Abraços,

    Miguel

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  4. E olha quantas coisas um cheiro é capaz de lembrar...

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