A abelha não dorme
Ela sabe.
Eu acordo
Eu sei
O sol derrete o orvalho
A abelha sente o cheiro da
flor
Eu ponho água no copo
E espero a hora certa para
tomar o remédio
Sento na sala, não há tv
Ligo a vitrola em Adoniram
A abelha entra
E observa com todos os olhos
o rolar da agulha
O lado A acaba.
Esqueço a música e observo o
jardim
Todas as minhas flores
O show de cada caule cheio de
espinhos
Uma artista difícil de se
acompanhar essa rosa
Ponho o lado B
A abelha balança ao som do
samba
Acompanha a melodia com
zumbido
Samba com as mariposas
E ouve atenta a garoa
Acaba o disco.
Vou tirar o Lp da vitrola
Meu caminhar é lento
As asas são leves e rápidas
As mão enrugada
As antenas bem ligadas
Vejo a abelha
Ela me vê
Somos um bicho
Da música e do mato
Sou zangado
Ela rainha de bateria
Ponho a mão nela
Ela sou eu
Vou voar no jardim
Ela correrá atrás do trem
Podemos e queremos a vida
Ela agulha
Tenho alergia
Vivemos um segundo
Homem e abelha.
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