Revista Literária

terça-feira, 22 de abril de 2014

As Horas da Abelha

A abelha não dorme
Ela sabe.
Eu acordo
Eu sei

O sol derrete o orvalho
A abelha sente o cheiro da flor
Eu ponho água no copo
E espero a hora certa para tomar o remédio

Sento na sala, não há tv
Ligo a vitrola em Adoniram
A abelha entra
E observa com todos os olhos o rolar da agulha

O lado A acaba.

Esqueço a música e observo o jardim
Todas as minhas flores
O show de cada caule cheio de espinhos
Uma artista difícil de se acompanhar essa rosa

Ponho o lado B

A abelha balança ao som do samba
Acompanha a melodia com zumbido
Samba com as mariposas
E ouve atenta a garoa

Acaba o disco.

Vou tirar o Lp da vitrola

Meu caminhar é lento
As asas são leves e rápidas
As mão enrugada
As antenas bem ligadas

Vejo a abelha
Ela me vê
Somos um bicho
Da música e do mato

Sou zangado
Ela rainha de bateria
Ponho a mão nela
Ela sou eu

Vou voar no jardim
Ela correrá atrás do trem

Podemos e queremos a vida

Ela agulha
Tenho alergia
Vivemos um segundo

Homem e abelha.

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